sexta-feira, 5 de abril de 2019
Trapaças
Ele é calmo e previsível, eu sou a chama que se alastra; Ele é meigo e conformado, e para mim nada basta; Ele é silêncio profundo, eu sou a voz do trovão; Ele persegue suas metas, eu não, quero tudo na mão; Ele é simples e discreto, eu sou o brilho e fantasia; Ele é a calma da noite, e eu a agitação do dia; Ele é cheio de detalhes, enquanto eu vejo o geral; Ele é todo compromissos, e eu não sou nem um pouco pontual; Somos extremos opostos, mão dupla na direção, mas é dele que eu gosto, trapaças do coração…
Isabela Freitas
quinta-feira, 4 de abril de 2019
Garotas más também amam.
Finalmente me sentei depois de um dia exaustivo, olhei ao redor e não vi nada que trouxesse suas lembranças, a camisa jogada na cama, o copo com água em cima do criado mudo, nem os pares de tênis neon que eu tanto odiava estavam lá, a cama estava vazia e arrumada. Me dei conta que você estava mais em mim do que em qualquer objeto daquele apartamento. Logo pensei que me ligaria, como sempre faz. Eu estava acostumada a te ganhar fácil, afinal, conheço teus pontos fracos, mas não! Dessa vez não, a tua chave que dava acesso a minha vida estava na estante, você não queria voltar. Havia algo diferente, me recordei do seu olhar, a expressão cansada do seu rosto antes de fechar a porta entregava tudo, você não iria me ligar, senti um frio estranho, uma sensação de medo, eu estava perdendo algo, eu tinha algo a perder! Por que não me dei conta disso antes. Estava cansado de mim, da minha necessidade de liberdade, Ou seria do meio-termo que é o nosso relacionamento? Me lembrei do quanto você é doce, sensível… Como isso daria certo? Você odeia meu batom vermelho! Odeia o fato de eu não precisar nunca de você. No fundo, eu sei, você queria alguém para resgatar, como aquelas princesas das torres mais altas do castelo, mas eu já tinha sido resgatada, fui resgatada pelas desilusões que aprendi a lidar, pela alto estima que aprendi a cultivar e pela necessidade de me cuidar. Eu fui resgatada por mim! Eu sei, você queria alguém que beijasse as mãos, fosse frágil como as flores e esperasse por todas as suas iniciativas, mas eu não era assim, eu rasgava a sua roupa com mesma delicadeza de uma tempestade, subia em cima de ti sem pedir permissão e depois passava meu batom vermelho e saia com as amigas, e ai de você se me dissesse não. Para você eu sou má e não tenho coração, só não esquece que garotas más também amam.
quarta-feira, 3 de abril de 2019
Silêncio
“Agora contaremos até doze
e ficaremos todos quietos.
Por uma vez sobre a terra
não falemos em nenhum idioma,
por um segundo nos detenhamos,
não movamos tanto os braços.
Seria um minuto flagrante,
sem pressa, sem automóveis,
todos estaríamos juntos
em uma quietude instantânea.
Os pescadores do mar frio
não fariam mal às baleias
e o trabalhador do sal
olharia suas mãos rotas.
Os que preparam guerras verdes,
guerras de gás, guerras de fogo,
vitórias sem sobreviventes,
vestiriam um traje puro
e andariam com seus irmãos
pela sombra, sem nada fazer.
Não confundam o que quero
com a inanição definitiva:
a vida é só o que se faz,
não quero nada com a morte.
Se não podemos ser unânimes
movendo tanto nossas vidas,
talvez não fazer nada uma vez,
talvez um grande silêncio possa
interromper esta tristeza,
este não nos entendermos jamais
este ameaçar-nos com a morte,
talvez a terra nos ensine
quando tudo parece morto
então tudo está vivo.
Agora contarei até doze
E você se cala e eu me vou”
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